Em qualquer automóvel, vários sistemas trabalham em conjunto para garantir a satisfação do condutor e dos demais ocupantes. Segurança, conforto e desempenho são essenciais e pesam no momento da compra de um carro. Pensando nisso, muitas inovações são lançadas no mercado e uma que chama a atenção é a suspensão eletrônica.
O conjunto de suspensão de um veículo é o responsável direto pelo conforto e estabilidade. Isso sempre foi um grande dilema para as montadoras, uma vez que o carro mais “mole” entregava maior conforto, mas menor segurança, enquanto o carro com suspensão mais “dura” tinha maior estabilidade, mas deixava a desejar no quesito conforto.
A suspensão eletrônica ganhou destaque justamente porque prometeu solucionar esse impasse. Dentro das oficinas mecânicas, os profissionais não devem deixar a atualização constante de lado, conhecendo todas as características desse conjunto e como atuar diante dos desafios do dia a dia.
Vamos tratar sobre como funciona esse tipo de suspensão, a diferença para o conjunto comum, os principais detalhes para ficar atento e ainda o que há de novo no mercado. Confira!
Como o sistema funciona?
Podemos definir a suspensão eletrônica como um sistema controlado por computador que é capaz de alterar suas características de acordo com a necessidade. Em outras palavras, é um sistema inteligente que ajusta as condições de condução do veículo a partir de uma série de variáveis, desde o tipo de pista até o estilo de dirigir. Algumas também oferecem diferentes programações que podem ser selecionadas pelo motorista.
Se o veículo está percorrendo uma estrada bem pavimentada numa velocidade elevada, por exemplo, a suspensão fica mais rígida, aumentando a estabilidade. Ao contrário, ao trafegar devagar por pisos ruins, ela se torna mais macia, garantindo o máximo conforto aos ocupantes.
Desenvolvimento da tecnologia
A ideia de unir mecânica e eletrônica no projeto das suspensões era um sonho antigo. Quem dominasse a tecnologia criaria um sistema inteligente, capaz de se adaptar às diferentes condições de uso e ao gosto de cada motorista. O problema era o custo, o tamanho e o tempo de resposta dos componentes.
Com o desenvolvimento da microeletrônica, os fabricantes conseguiram avançar. Em 1982, os ingleses da Lotus inventaram uma sofisticada suspensão inteligente para os seus modelos esportivos e carros de Fórmula 1. O sistema usava quatro cilindros hidráulicos, um módulo eletrônico, vários sensores e eletroválvulas.
Um ano depois, a Toyota apresentou um conceito parecido no GT Soarer. Mas a solução dos japoneses foi muito mais simples: colocaram as eletroválvulas dentro dos amortecedores. Esses componentes inteligentes equiparam os mais diferentes veículos ao redor do mundo, inclusive o brasileiro Ford Escort XR3 Fórmula de 1991.
Outras tecnologias importantes foram lançadas nas décadas seguintes. As barras estabilizadoras eletrônicas estrearam em 1994 no Citroën Xantia Activa. Em 2002, o Cadillac Seville STS foi o primeiro a usar amortecedores magneto-reológicos, com um fluido que mudava de viscosidade quando era exposto a um campo magnético.
Suspensões inteligentes atuais
Conforme a eletrônica avança, a meta das montadoras é criar suspensões inteligentes cada vez mais proativas, ao invés de reativas. Com o uso de câmeras, sensores, lasers e dados de várias fontes, o veículo pode mapear a pista e fazer ajustes antecipados para cada situação, como se preparar para um buraco, uma curva ou compensar uma carga.
Atualmente, muitos modelos sofisticados estão saindo de fábrica com amortecedores magneto-reológicos de terceira geração. Esses componentes alteram a sua regulagem a cada 13 milésimos de segundo. Para dar uma ideia da velocidade, o amortecedor é capaz de mudar de comportamento dez vezes no espaço de tempo de um piscar de olhos.
As chamadas molas pneumáticas também estão ganhando espaço. Com o uso de um compressor, acumuladores de pressão e eletroválvulas com controle eletrônico, essas peças podem ser ajustadas continuamente. Em complemento, as suspensões mais avançadas ainda usam barras estabilizadoras eletrônicas na dianteira e traseira.
Com a união de todos esses recursos, os veículos mais sofisticados conseguem unir o que, apenas com a mecânica, era impossível. São sempre confortáveis e muito seguros, mesmo diante de mudanças bruscas na pista, ventos laterais, situações de emergência e até na hora de curtir uma pilotagem esportiva no asfalto ou na terra.
Cuidados durante a manutenção
Para manter o pleno funcionamento do veículo, é preciso que ele esteja sempre com a manutenção em dia. Dentro das oficinas, os mecânicos precisam estar bem atualizados, usar os manuais técnicos originais e contar com todos os equipamentos necessários para o reparo.
Para trabalhar com a suspensão eletrônica, é necessário conhecer a fundo todo o funcionamento do sistema e saber como trabalhar com os principais componentes que formam esse conjunto, como os amortecedores magneto-reológicos, molas pneumáticas, eletroválvulas, barras estabilizadoras ativas e as unidades eletrônicas de controle.
Tendências para o Futuro
Apesar de ter uma longa trajetória de desenvolvimento no mundo, as suspensões eletrônicas inteligentes ainda são uma novidade no Brasil, restritas aos veículos mais caros e, quase sempre, reparadas apenas nas concessionárias. Mas, com o avanço constante da tecnologia, poderão equipar modelos mais simples no futuro.
Com o avanço dos carros híbridos e elétricos, outras inovações poderão chegar nos próximos anos, como os amortecedores que atuam como geradores. A proposta é que o componente transforme a energia cinética (criada pelo movimento da suspensão) em eletricidade, ajudando a carregar o banco de baterias e ampliar a autonomia do veículo.
Para os heróis das oficinas, é preciso ficar de olho em cada novidade que surge na indústria automobilística mundial e sempre estar bem capacitado para aproveitar as oportunidades. Com as informações deste post, você estará um passo à frente quando encontrar um veículo com essas novas tecnologias.